
- por Gabriele Miranda
Nenhuma sensação se compara com o momento em que se conhece o amor da sua vida… só o de mata-lo. Essa linha tênue entre amor e ódio é o tema principal de “Acompanhante Perfeita“, dos mesmos criadores de “Noites Brutais“.
Dirigido por Drew Hancock, o longa acompanha Iris (Sophie Thatcher) uma doce jovem que está com o namorado, Josh (Jack Quaid) a caminho de um passeio numa cabana na floresta, que pertence ao russo Sergay (Rupert Friend), namorado de Kat (Megan Suri). Josh também quer apresentar sua companheira para seus outros dois amigos, Eli (Harvey Guillen) e seu namorado Patrick (Lukas Gage).
Apesar de se sentir insegura, Iris se esforça para parecer feliz e não fazer nada esquisito, tudo pelo namorado. Os amigos passam uma noite conversando sobre como os casais se conheceram, bebendo e dançando. No dia seguinte Iris quer dar um passeio com Josh no lago perto da casa. Ele pede que ela vá sozinha, pois ele está de ressaca. Chegando lá, ela acaba ficando sozinha com Sergay, que tenta abusa-la e para se defender, ela o mata.

Então, voltando para casa toda ensaguentada, Iris pede desculpas e diz que só fez aquilo porque ficou com muito medo de morrer e de perder Josh. Nesse momento, ele pede para ela dormir, e temos a revelação de que na verdade ela era um robô. Posteriormente também descobrimos que Patrick também é.
Após isso, Josh revela que estava a usando. Toda a viagem era um plano para matar e roubar o dinheiro do russo. Mas as coisas acabam saindo do controle e a trama gira em torno de mais mortes, perseguições e manipulações.
Melhor robô do que gente
Uma das reflexões que a história traz é dessa busca por parceiros robôs. Josh e Eli não correspondem aos padrões tradicionais de homens. Ambos com características físicas e de personalidade que acabam levando a solidão e frustrações no campo do amor. Enquanto Josh aparenta ser mais intorvretido e bobão, Eli é uma pessoa gorda e homossexual.
Porém, eles lidam com essas questões de formas diferentes. A medida que Eli compra seu namorado robô porque realmente queria uma companhia e cria um laço sincero com ele, Josh só quer a namorada para suprir suas necessidades sexuais, ter controle sobre ela e usa-la para fazer aquilo que ele não tem coragem de fazer sozinho.

No meio disso temos Kat. Ela não gostava de Iris, pois se sentia uma pessoa descartável com a possibilidade de a trocarem por um robô, mais fácil de controlar do que uma pessoa. Mesmo assim, ambas compartilhavam a mesma experiência: a tratavam como objetos.
Uma reflexão pesadinha
Outro tema que o filme aborda e eu acredito que é aqui que o terror se destaca, é nessa questão do abuso. Para que Iris matasse Sergay, Josh precisou modifica-la, pois ela não foi feita para ferir pessoas. Além disso outra cena forte é uma de tortura, onde ele altera a inteligência dela para 0% e a faz ficar com a mão em cima de uma vela. Ela sente dor, mas não consegue tirar a mão de lá. Depois ele faz com que ela atire da propria cabeça.
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Quando a empresa responsável pelo robô vai busca-la, Josh inventa uma história, como se ela tivesse dado defeito. Porém existe uma gravação em Iris para ser analisada. Os funcionários ficam conversando enquanto colocam Iris na van e um deles fala que tem quase certeza que ela foi modificada, e que isso era muito comum. Além disso, vários usuários devolviam robôs que com marcas de tortura.

No final do filme, Iris ganha automação completa de si, impedindo Josh de controla-la pelo celular. Porém, ela ainda o amava, e deixa de ser controlada por um software e passa a ser controlada emocionalmente, antes de, finalmente conseguir matá-lo.
Isso me fez pensar nas problemáticas que envolvem relacionamentos amorosos e dinâmicas de dominação tóxica. Muitas pessoas estão suscetíveis à serem manipuladas e usadas em suas relações por conta de um “amor” que está acima de tudo.
Vale a pena assistir?
Concluíndo, me diverti e o filme tem um roteiro bem amarrado, uma boa fotografia e direção de arte coerente. O filme tem vários momentos engraçados. Falando como uma pessoa que costuma dar risada em filme de terror, não senti tanta tensão. Além disso, tem várias cenas de romance, algumas bem fofas. Pra quem gosta desse tema, além de terror que misturado com ficção científica, vai aproveitar bastante a experiência no cinema.
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Gabriele Miranda
Audiovizueira pela FAPCOM, adquiri habilidade de fazer bonecos se mexerem pelo Senac Lapa Scipião. Multi-instrumentista e guitarrista na banda Antena Loka, sou pan, vegana e gateira. No tempo livre, estou jogando em algum emulador, andando de patins ou criticando o capitalismo. Talvez eu encontre algum planeta onde me sinta melhor.