
- por Joao Paulo
Bem vindo a fase 6! Chegamos ao momento derradeiro da saga do Multiverso, que entre altos e baixos, a Marvel começa a moldar seu futuro para encerrar seu grande evento. Depois da boa recepção de “Thunderbolts*” que apesar de não ter sido sucesso de bilheteria, conseguiu dar consistência a irregularidade narrativa dos filmes anteriores mostrando potencial para algo mais promissor nas produções que viriam a seguir.
Eis que o longa mais esperado da Marvel no ano estreou, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” (The Fantastic Four: First Steps, 2025), estava cercado de expectativas principalmente porque as adaptações anteriores que estrearam especificamente em 2005 (e sua sequência em 2007) e 2015, não foram bem recebidas muito por conta da falta de fidelidade aos quadrinhos, desperdiçando talentos em filmes que nunca atingiram um ápice de qualidade.
Quando Kevin Feige finalmente adquiriu os direitos do “Quarteto Fantástico” pós compra da 20th Century Fox pela Disney, as expectativas em torno do projeto passaram a ser imensas, principalmente porque o Universo Cinematográfico da Marvel (UCM ou MCU), sempre adaptou muito bem obrigado longas de equipe resultando nos ótimos “Vingadores” e “Guardiões da Galáxia”.
O longa dirigido por Matt Shakman (WandaVision) tinha uma missão de não só abrir a fase 6, mas também de atender um clamor popular por uma adaptação mais fiel. Será que ele conseguiu? Ao sair da sessão tive a melhor sensação do mundo, de que adaptações feitas com amor, são as que resultam nos melhores produtos.

“Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é simplesmente o cuidado da concepção em forma de longa-metragem. Claramente o roteiro escrito pelo quarteto Josh Friedman, Eric Pearson, Jeff Kaplan e Ian Springer, segue uma cartilha diferente se abstendo de contar a origem da equipe criada por Stan Lee e Jack Kirby para trazê-los com uma pegada mais madura com forte senso de família em seu enredo.
A trama se beneficia ao se passar em um universo paralelo ao que conhecemos para criar uma narrativa fechadinha, que não se preocupa com conexões ou referências ao que já foi criado até então, mas sim em estabelecer este novo universo onde passamos a conhecer melhor o casal Reed Richards (Pedro Pascal) e Sue Storm (Vanessa Kirby), bem como o irmão de Sue, Johnny (Joseph Quinn) e o melhor amigo de Reed, Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach), conhecido como O Coisa.
Trazer estes personagens mais amadurecidos, deu um tom mais sério ao filme que é intensificado pelo visual retro futurista onde a trama é desenvolvida. O longa começa com uma novidade para o casal Reed e Sue, a partir deste ponto de ignição, a narrativa passa a mostrar de forma bastante dinâmica a história da equipe, seu lado famoso naquele mundo, onde são conhecidos mundialmente, além da interação entre os membros.
O longa não tem pressa, esta é inclusive uma das qualidades mais marcantes de “Quarteto Fantástico”, a forma como tudo é desenvolvido é bastante curioso, o ritmo mais cadenciado pode deixar o expectador mais apressado um pouco impaciente, mas quando o segundo ato entra, tudo parece fluir com um dinamismo e rapidez que acabam por empolgar.

O aspecto técnico é algo que encanta e mostra que a Marvel quando quer entregar um produto com qualidade, sabe fazer bem feito. Da direção de arte bem executada, passando pelo figurino impecável e os efeitos visuais bem trabalhados sabendo utilizar cada habilidade dos membros da equipe nos momentos certos. Temos aqui um blockbuster vibrante, não só em termos de paletas de cor, mas também de estética visual sem precedentes em uma das melhores já mostradas no MCU.
A trilha sonora de Michael Giachinno é simplesmente viciante, daquelas que será lembrada sempre, servindo para deixar o filme com ainda mais personalidade. A direção de Matt Shakman é outro ponto positivo, não só por conseguir trabalhar bem a interação do quarteto principal, mas por conseguir equilibrar bem drama e humor, com sequências de ação grandiosas e pontuais.
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A verdade é que “Quarteto Fantástico” é um deslumbre em todos os aspectos, mas o que faz valer a pena aqui, é o elenco bastante consistente. Você pode até estar saturado da figura de Pedro Pascal (The Last of Us), mas o ator entrega um personagem maravilhoso na pele do preocupado e inteligente Reed Richards, merecendo todos os elogios possíveis pela sua atuação que resulta num líder realista e ansioso.
Os atores Joseph Quinn (Stranger Things) e Ebon Moss-Bachrach (The Bear) estão ótimos nos papéis de Johnny Storm e Ben Grimm respectivamente. O roteiro dá a estes atores diversas interações trabalhando a química de um elenco que como um todo é bastante entrosado e se encaixa muito bem.
O que nos leva a atuação de Vanessa Kirby (Missão Impossível: Efeito Fallout) no papel de Sue Storm, a atriz brilha numa atuação estupenda servindo como coração do filme e entregando uma sequência no ato final que vai fazer muitos fãs comentarem por anos tamanho peso narrativo colocado neste momento.

Esta sequência em particular, é apenas a cereja de um bolo que só vai ficando melhor pelo fato de Matt Shakman entender a cabeça maluca do universo criado por Lee e Kirby, ao entregar um longa que primariamente usa o elo dramático dos personagens para reforçar laços, enquanto mistura em outras sequências ação e ficção científica de primeira para trazer fidelidade das HQs que nunca tínhamos visto em versões anteriores.
A começar por Galactus, o vilão vivido por Ralph Ineson (Game of Thrones) é impotente e assustador, criado de forma espetacular que parece ter pulado das páginas dos quadrinhos trazendo um senso de urgência e perigo ao filme que não vimos a muito tempo no Universo Cinematográfico da Marvel. Esse senso de perigo fica ainda mais acentuado pela presença da Surfista Prateada vivida por Julia Garner (Ozark), outra grata surpresa que promete surpreender, principalmente com sua interação com Johnny Storm e por conta de uma sequência de tirar o fôlego na metade do longa.
É neste quesito “Quarteto Fantástico” se diferencia dos filmes lançados este ano e dos últimos filmes de super-heróis lançados anteriormente. O esmero narrativo e o cuidado técnico mostram como tudo é bem equilibrado em uma trama que pode sim parecer extremamente simples, mas guarda uma complexidade enorme ao trazer o maior sentimento de todos para força motriz ao cerne da história, o AMOR.
Este sentimento que mencionei lá no começo do texto, não serve só para dedicação que se vê atrás das câmeras, mas também na frente dela, afinal a aura maternal deste filme é o que faz dele grandioso, onde várias vertentes do amor são demostradas (sendo a mais forte dela aquele de uma mãe para com seu filho), fazendo você se apegar aos personagens e ao que acontece com eles durante esta jornada.

Por tudo que foi comentado, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é um triunfo em todos os aspectos, talvez não seja livre de ressalvas, afinal um filme mais curto acabou por deixar alguns momentos mais corridos sendo perceptíveis na edição. Porém, este é apenas um grão de areia na imensidão de pontos positivos que o longa carrega, sendo principal deles, a forte atuação do elenco.
A verdade é que estamos diante de um dos melhores filmes desta saga e um dos melhores já produzidos pela Marvel. Ao executar de forma concisa drama, humor e ficção científica, o longa se mostra um entretenimento da melhor qualidade que deve ser assistido na maior tela com melhor som possíveis (as aparições de Galactus valem o ingresso), para que a experiência seja mais que completa num filme que deve ficar marcado como uma das melhores adaptações já feitas na história do cinema. Stan Lee e Jack Kirby do outro mundo, estão com certeza orgulhosos.
Observação: O filme possui DUAS CENAS PÓS CRÉDITOS, uma delas deve empolgar bastante para o que está por vir em “Vingadores: Doomsday”.
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Joao Paulo
Sou Engenheiro Eletricista formado, mineiro, blogueiro nas folgas, super fã de filmes, séries e animes. Apaixonado por Marvel, simpatizante da DC, grande fã de super-heróis no geral. Eu vou ser o rei dos Piratas.