Review | Thunderbolts*

E chegamos ao penúltimo projeto da fase 5, que começou de uma forma melancólica com “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, mas que aos poucos foi encontrando seu caminho. De todos os problemas que a Marvel já teve, arriscar com projeto diferentes, não é um deles, isto foi resultado do sucesso inesperado de “Guardiões da Galáxia” em meados de 2014, abrindo as portas para Kevin Feige e companhia sempre apostassem nos projetos que ninguém achava que queria, mas acabava sendo o que todo mundo precisava.

Esta é a mesma sensação que tive quando terminei de assistir “Thunderbolts*” (Marvel’s Thunderbolts*,2025), o último filme da fase do meio da “A Saga do Multiverso” que traz um grupo inusitado de super-heróis contra uma ameaça em comum. O longa dirigido Jake Schreier (Treta) não segue os padrões tradicionais e talvez por isso agrade uma boa parcela daqueles que estão a procura de algo que traga mais frescor e a sensação de estar vendo algo único.

O roteiro escrito Eric Pearson (Thor: Ragnarok) e Joanna Calo (BoJack Horseman) se beneficia primariamente por explorar e desenvolver bem seus personagens com o foco na personagem de Yelena Belova (Florence Pugh). O filme traz a sensação gritante de sequência direta de “Viúva Negra” de 2021, bem como faz uma ligação rápida com o recente “Capitão América: Admirável Mundo Novo”.

Ghost (Hannah John-Kamen), Bob (Lewis Pullman), John Walker (Wyatt Russell), Alexei Shostakov/Red Guardian (David Harbour), Yelena Belova (Florence Pugh) and Bucky Barnes (Sebastian Stan)in Marvel Studios’ THUNDERBOLTS*. Photo by Chuck Zlotnick. © 2025 MARVEL.

O maior trunfo desta nova produção da Marvel é saber dosar drama, ação e humor desde o começo com um texto bem escrito e uma direção que intencionalmente traz uma trama mais sólida que foca no trauma de seus personagens criando um elo em comum entre eles. Desta forma, Yelena, Alexei a.k.a Guardião Vermelho (David Harbour), John Walker (Wyatt Russell), Fantasma (Hannah John-Karmen), Bob (Lewis Pullman), Treinadora (Olga Kurylenko) e Bucky (Sebastian Stan) são peças imperfeitas e desconjuntadas que se unem para salvar o dia.

Uma pena que “Thunderbolts*” não aproveitar a presença de todos estes personagens como equipe. Existe sim uma boa interação em certos momentos, mas claramente existe uma preferência do roteiro por Yelena no centro da trama, que nunca faz você pensar neste filme como uma satisfatória união de equipe, mas sim uma trama de um personagem só.

A sorte do filme é que ao tratar de temáticas delicadas como luto, solidão, saúde mental e até mesmo depressão, dá um peso dramático que acaba servindo de cola para o todo. Individualmente se vê camadas e complexidades nestes personagens que acabam encorpando a trama na sua primeira metade, que talvez seja o melhor momento do filme. A segunda metade é mais catártica, porém menos satisfatória, com um final que pode dividir opiniões.

Foto/Reprodução: Thunderbolts*

O maior mérito de “Thunderbolts*” é sair do lugar comum que os filmes anteriores da Marvel se acostumaram a estar tentando algo diferente, mas não tão diferente assim, usando personagens praticamente desconhecidos e se apoiando no carisma e bons diálogos para entregar uma profundidade que faz com que nos importemos com o que está sendo mostrado.

Em termos de elenco, os maiores destaques ficam para sempre ótima Julia Louis-Dreyfus (VEEP) no papel de Valentina Allegra de Fontaine, que agora que estreou de vez num blockbuster, pode render bastante no papel dessa vilã com influência política. David Harbour (Stranger Things) está ótimo como Guardião Vermelho, servindo como alívio cômico nos momentos certos, além entregar muito nas cenas dramáticas com Yelena.

Os atores Wyatt Russell (Falcão e o Soldado Invernal), Hannah John-Kamen (Homem-Formiga e a Vespa) e Olga Kurylenko (Oblivion), respectivamente John Walker, Fantasma e Treinadora, são subaproveitados, os dois primeiros ainda são explorados melhor, mas a terceira é totalmente descartável, desperdiçando um potencial imenso.

Leia também:

REVIEW | FORÇA BRUTA: PUNIÇÃO – BEOMJOIDOSI 4
O que esperar da Gamescom 2025

O ator Lewis Pullman (Top Gun: Maverick) foi uma grata surpresa, seu papel de Bob/Sentinela é bem desenvolvido e ajuda aprofundar a temática da saúde mental e depressão de uma forma poucas vistas vezes no universo Marvel. É valido dizer que sua cena decisiva no terceiro ato é muito boa, com direito a uniforme clássico dos quadrinhos.

Porém de todos citados, Florence Pugh (Duna: Parte 2) carrega o filme nas costas, sua personagem Yelena não só é o coração do filme, mas também o que faz tudo funcionar da forma mais harmoniosa possível. Pugh tem um carisma notável e uma dramaticidade que coloca sua personagem no patamar dos mais complexos do UCM (Universo Cinematográfico da Marvel), sem contar que é após este filme, irá se tornar uma das super-heroínas mais marcantes e celebradas da Marvel.

Foto/Reprodução: Thunderbolts*

No que diz respeito a produção, se vê um cuidado técnico bastante preciso, na fotografia, na dosagem de efeitos visuais misturado com práticos, além de uma trilha sonora boa. A sequências de ação são bem feitas, mas nada fora do extraordinário. O roteiro é correto e redondinho, a direção é bem executada e também um dos pontos fortes do longa.

Por tudo que foi comentado, “Thunderbolts*” é um bom filme, faltou pouco para ser realmente incrível, mas entrega aquilo se espera de um blockbuster de ação, ganhando pontos por ter um bom elenco, boas atuações e uma história que foge do convencional. Para aqueles que estão cansados do mais do mesmo que Marvel sempre entrega, esta trama pode agradar muito, agora para aqueles que procuram uma obra prima, não foi desta vez, mas é de longe um dos filmes mais maduros do estúdio e talvez um caminho mais correto e seguro a seguir daqui para frente.

Observação 1: Sim, o asterisco no título é respondido no final do filme.

Observação 2: O filme possui duas cenas pós-crédito. Uma cena durante e uma cena após os créditos com duração de mais de 2 minutos apontando o caminho para fase 6 da Marvel.

Gostou? Comente o que achou e nos siga no instagram

Joao Paulo

Sou Engenheiro Eletricista formado, mineiro, blogueiro nas folgas, super fã de filmes, séries e animes. Apaixonado por Marvel, simpatizante da DC, grande fã de super-heróis no geral. Eu vou ser o rei dos Piratas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Voltar ao Topo