Quem é fã do jogo “Cyberpunk 2077“, se envolve com diversas histórias dentro do próprio game. Mas também tem a possibilidade de mergulhar nesse universo através dos quadrinhos. A CD Project em parceria Dark Horse Books e a Editora Excelsior traz mais uma história. Com autoria de Bartosz Sztybor, ilustrações de Roberto Ricci, Fabiana Mascolo e Frank Cvetkovic como contribuinte.
“Cyberpunk 2077: Blackout” leva a gente em uma aventura através de Arturo. O rapaz é técnico de neurodança (palavra estranha com explicação logo a frente). Ele trabalha para grande empresa chamada Diverse Media System (DMS) . Durante um blackout em Night City, ele faz a manutenção de vários aparelhos para várias pessoas de diferentes classes sociais. Isso o leva a refletir sobre o sentido de seu trabalho e que ele tem potencial para fazer bem mais, fazer a diferença.
Devido á apagões se tornam frequentes na cidade e ele visita uma mesma residência mais de uma vez. Então, na segunda ida, encontra uma de suas clientes morta, consequentemente pelo uso de excessivo de neurodança. Ele vê o cadaver sendo retirado da casa e o marido da mulher revoltado.
Depois disso, ele pede demissão de seu emprego e com a ajuda de sua amiga AL-BETA, executa um plano para “quebrar o ciclo“.
A leitura dessa HQ é bem densa, com muito texto e imagem. A paleta de cores das artes variam bastante de acordo com o ambiente e situação, mantendo um traço mais sério, de acordo com o tema do quadrinho.
Além disso, todo roteiro da história brinca com a realidade. Você não sabe muito bem quando uma situação é real ou não. Esse recurso que vai trazendo varios plot twist, mantendo um ritmo bem frenético.
Tá… mas explica esse negócio de “neurodança”
A neurodança, ás vezes referenciada como ND, é uma das tecnologias mais presentes no universo de Cyberpunk 2077. Ela permite gravar e reproduzir as experiências de alguém através de um dispositivo de realidade virtual. Nessa simulação, a pessoa tem todas as sensações físicas, emoções e pensamentos de quem gravou. O ambiente também pode ser construído de forma artificial, aumentando ainda mais as possibilidades desse aparelho.
Dentro da linha do tempo de Cyberpunk, essa invenção surgiu em 2007. Usavam-na apenas para tratamentos psicológicos. Posteriormente, se tornou mais comum para o entreternimento de massa.
Devido a pobreza esmagadora na cidade, as neurodanças se tornaram uma válvula de escape para as pessoas mais vulneráveis. Elas poderiam ter a experiência de ter uma vida de luxo através das NDs, reviver momentos da infância ou qualquer outra coisa para esquecer da fome e da miséria. Como resultado, o vício em neurodanças se tornou um problema cada vez maior para a parcela da população mais marginalizada da cidade. Até a elite é afetada pelo vício em neurodança, tendo em vista que nem a sua vida de conforto é suficiente para prencher o vazio na alma que Night City traz.
Outra dor de cabeça que as neurodanças trouxeram para Night City foram as chamadas Neurodanças Extremas, referenciada na maior parte das vezes como NDx. São as neurodanças ilegais, que apresentam cenas de violência, tortura, estupro e assassinato. Elas são criadas por pequenas equipes, muitas vezes envolvidas com gangues, que sequestram pessoas para essas gravações forçadas. Esse uso mais ilícito está mais presente no jogo “Cyberpunk 2077“, no quadrinho temos mais contato com as neurodanças legalizadas.
Quebrando ciclos
Arturo é um jovem que sofre com ideações suicídas. Durante todo o quadrinho nós vemos trechos dele fazendo uso de neurodanças de morte, onde ele vai de arrasta pra cima em diversas situações. Apesar disso estar ligado ao seu vício, também faz parte da técnica terapeutica que ele desenvolve e aplica em outros personagens.
Essa técnica consiste em pegar algum vício ou característica negativa de alguém, leva-la ao extremo para que a pessoa tenha um novo gatilho e supere aquela condição. Ele faz isso com Kashynp, que é um policial com alcolismo, e com sua amiga AL-BETA, que tem problemas relacionados à traição.
No seu autotratamento, vemos que ele chega a conclusão de precisa experenciar um tipo de morte específica para “quebrar o ciclo“. Então ele começa a buscar uma morte mais real, que tenha probabilidade de acontecer. Fica no ar se ele conseguiu ou não (ou se no fim das contas ele realmente morreu).
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Também tenho comigo a teoria de que toda a história é uma neurodança dele mesmo. Tem vários momentos da história onde alguns moradores de rua aparecem segurando placas bem simbólicas… simbólicas até demais… mas isso é só uma opinião sem muito fundamento mesmo.
Para quem é esta leitura?
Quem é fã do jogo vai aproveitar mais essa história (experiência própria). Tanto pelo tema ser familiar com a história do jogo, quanto por diversas outras referências dentro da história. Várias ambientações são lugares que já passamos no jogo, inclusive o próprio apartamento de Arturo parece ser o mesmo de V, protagonista de Cyberpunk 2077.
Mesmo assim, a história é bem desenvolvida dentro da ficção científica, todos os conceitos são muito bem explicados e apresentados. Isso faz com que qualquer pessoa fã do gênero como num todo possa apreciar a leitura.
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Gabriele Miranda
Audiovizueira pela FAPCOM, adquiri habilidade de fazer bonecos se mexerem pelo Senac Lapa Scipião. Multi-instrumentista e guitarrista na banda Antena Loka, sou pan, vegana e gateira. No tempo livre, estou jogando em algum emulador, andando de patins ou criticando o capitalismo. Talvez eu encontre algum planeta onde me sinta melhor.