A Quarta Asa | Merece a fama que tem?

Se você não mora numa caverna, certamente já ouviu falar no mais novo sucesso no Booktok: A Quarta Asa, de Rebecca Yarros. O livro é best-seller no New York Times e está fazendo um burburinho no Brasil. Se você está procurando um livro emocionante, com escrita revolucionária e história inovadora, esse livro não é pra você.

A Quarta Asa é bom? Vou direto ao ponto, não. Sim, um belo e sonoro não. Não estou aqui para criticar a obra do começo ao fim, mas sim pontuar suas falhas – que não são poucas. O livro fala sobre Violet Sorrengail, uma garota miúda, com saúde frágil que vive com a cara enfiada nos livros enquanto sua mãe, a general Lilith Sorrengail, e seus irmãos mais velhos são cavaleiros de elite. O seu pai? Além de morto, era um escriba. Nesse universo, há um reino com divisões de trabalho semelhante ao mundo contemporâneo. Você presta um processo seletivo e, se passar, a vaga é sua com direito a estabilidade para o resto da vida. A única diferença é a periculosidade dos cargos no reino de Basgiath, que beira a 200% se você se candidatar a cavaleiro. Como nossa cara protagonista é ajuizada, claro que ela queria ir para os escribas, que são uma mistura de jornalistas com escritores. Mas, é claro que ela não vai para os escribas, caso contrário, não haveria livro. A mãe dela a joga para os cavaleiros como um saco de batatas.

Ela é incrível! Descobriu um poder super mega hiper raro, passou na seleção de cavaleiros e todo mundo a venerou. Aí a mãe dela aparece e diz que sempre soube do seu poder.

Claro que não.

Como eu disse anteriormente, ela é miúda e fraca, bateu um vento, levou ela. Mas ela tem sim um superpoder: de atrair a morte. Ela é filha da general das forças de Navarre, acima dela só o rei, e a Lilith não é conhecida por ser uma pessoa muito legal; pelo contrário, a apelidam de psicopata por simplesmente executar pessoas como se fosse passar a faca numa manteiga. E com uma mãe tão legal assim, as pessoas a odeiam, e também aos seus adjacentes, que no caso, são os filhos, incluindo Violet. A Quarta Asa parece bastante uma mistura de Divergente com Jogos Vorazes, não é porque você passou na primeira etapa que já é cavaleiro, você precisa completar três anos de estudos para se tornar. E esses três anos são como Jogos Vorazes, tudo e todos tentam te matar. Aproveitando o momento, a obra também tem uma pitada de Game of Thrones porque a parte mais legal do livro, que eu sequer citei até o presente momento, são os dragões. Sim, ao se tornar cavaleiro você tem o privilégio de possuir um dragão. Não é como se fosse comprar um carro novo, o dragão precisa te escolher, mas ainda assim, é bem bacana. E ainda sobre GOT, já dou um conselho: Todo mundo morre nesse livro. Não se apegue a ninguém, na página seguinte a pessoa já pode estar indo de comes e bebes.

Fanart de A Quarta Asa por @Rosiethorns88

Para mim, o maior defeito do livro foi a ausência de desenvolvimento do relacionamento da protagonista com seu par romântico, que foi temporariamente antagonista. Sabe enemy to lovers? Nem deu tempo de serem enemys direito e já estavam no lovers. Ficou esquisito. O par romântico da Sorrengail mais nova é o Xaden Riorson e, que Deus me perdoe, que nome feio. Toda vez que eu lia, só me vinha o Xande dos Pilares – com todo respeito a ele. Mas enfim, Xaden é o líder do esquadrão e também filho do maior rebelde do reino, o qual foi executado pela Lilith Sorrengail e que quer se vingar de todos os Sorrengail. Mas não pense que Violet não tenha motivos para desgostar dele, o pai de Riorson matou o irmão dela. Tiro trocado não dói, né? E, novamente, lembra um outro livro de ficção com guerra voltado para o público mais jovem onde os pares românticos possuem parentes assassinados entre eles, e esse livro possui uma rainha e ela é vermelha. De qualquer forma, houve também o início de um suposto triângulo amoroso? Eu não tenho muita certeza se era para ter sido, mas durou tão pouco que acho que pouco importa. E não só o desenvolvimento do relacionamento do Xaden e Violet foi pobre, mas também o ponto de vista dele. No livro há uns dois capítulos narrados pelo Riorson e foi decepcionante ler. Parecia um cachorro no cio. Não vou prolongar muito porque já seria spoiler, mas acredito que foi a pior parte.

Outro defeito que fica pau a pau com a ausência de desenvolvimento romântico é a má escrita. Os diálogos contêm muita informação num só travessão, o uso exagerado de palavrões para todos os personagens nos faz perder totalmente a imersão e a finalização confusa dos capítulos. A inserção de informações também não corrobora, fica artificial, como se a autora não soubesse onde enfiá-las. A Quarta Asa está mais próxima de ser uma fanfic publicada no Wattpad do que um livro sério. Vale salientar que não estou dizendo que fanfics não são boas, e sim que você espera erros de estrutura, furos de roteiro, entre outros, por se tratar de um hobby não profissional. A escrita pecou e muito na obra. Já não temos uma história muito original, e agora, nem a escrita é boa, o que é complicado.

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Em geral, A Quarta Asa não é um livro bom. Mas por mais que eu tenha tecido várias críticas, eu gostei do livro. Ele nunca prometeu ser algo além de medíocre; foram as pessoas que o promoveram como o suprassumo da fantasia ficcional romântica da atualidade. O livro me ajudou a sair da ressaca literária, então é lucro. Admito que estou ansiosa para o segundo para saber se melhora. Soube que será uma saga, não sei se a autora tem tanto enredo para cinco livros ou se só vai encher linguiça. Talvez uma trilogia seria o suficiente; de qualquer forma, a continuação Iron Flames está prevista para sair na segunda metade deste ano.

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Nathalia Souza

Artista, tradutora, animadora, programadora e ainda com formação em mecâtronica e marketing, sou uma menina que não sabe bem o que quer da vida. Emo de carteirinha, vivo indo em shows e eventos para aumentar minha coleção de memórias. Vivo no mundo da lua, e talvez seja por isso que me considero astronauta.

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