Review | Ainda temos o amanhã

Ainda Temos Amanhã é uma obra que nos transporta à Roma dos anos 40, em plena reconstrução pós-guerra. Dirigido por Paola Cortellesi, o filme apresenta a história de Delia, interpretada pela própria diretora, uma mulher resiliente que enfrenta a opressão de um marido violento e machista, Ivano. Delia, multifacetada e à frente de seu tempo, assume diversos trabalhos para sustentar a família, enquanto lida com a violência doméstica.

A trama é um retrato fiel das dificuldades enfrentadas pelas mulheres daquela época, destacando a necessidade de reflexão sobre as conquistas sociais das últimas décadas. O filme não hesita em mostrar a realidade brutal da violência contra a mulher, provocando sentimentos de revolta e compaixão. A atuação de Cortellesi é comovente, capturando a essência de uma mulher que, apesar das adversidades, busca um amanhã melhor.

Uma das cenas mais impactantes é o momento em que Delia esconde dinheiro do marido para garantir um futuro melhor para sua filha, Marciella. Essa ação reflete a luta silenciosa e a resistência das mulheres que, mesmo em situações adversas, encontram formas de proteger seus entes queridos e mesmo assim, Marciella estava possuindo o mesmo destino que a mãe.

Ainda temos o amanhã

Ainda Temos Amanhã também aborda a importância histórica do primeiro voto feminino na Itália, em junho de 1946, trazendo uma reviravolta na vida de Delia e simbolizando uma nova era de liberdade e autonomia para as mulheres. Essa conquista não apenas representa um marco político, mas também uma mudança significativa na sociedade italiana, permitindo que as vozes femininas começassem a ser ouvidas e respeitadas. Delia, ao testemunhar e participar desse momento histórico, sente uma renovada esperança e uma sensação de poder pessoal, o que a impulsiona a tomar decisões corajosas para o futuro de sua família.

O filme, premiado com o “Il Biglietto D’Oro” e vencedor de seis estatuetas no Prêmio David di Donatello 2024, é uma obra-prima que combina uma cinematografia impecável com uma trilha sonora moderna, enriquecendo a narrativa com uma sensação contemporânea. A cinematografia, em preto e branco, recria de forma autêntica a atmosfera da época, enquanto a trilha sonora moderna oferece um contraste intrigante, refletindo os pensamentos e sentimentos internos de Delia. Essa combinação de elementos técnicos eleva a experiência cinematográfica, proporcionando uma imersão profunda na história e nas emoções dos personagens.

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Em suma, Ainda Temos Amanhã é um filme essencial, que emociona e provoca reflexão, destacando a importância da luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres. É uma obra que merece ser assistida e apreciada, não apenas por sua qualidade artística, mas também por sua relevância social.

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Nathalia Souza

Artista, tradutora, animadora, programadora e ainda com formação em mecâtronica e marketing, sou uma menina que não sabe bem o que quer da vida. Emo de carteirinha, vivo indo em shows e eventos para aumentar minha coleção de memórias. Vivo no mundo da lua, e talvez seja por isso que me considero astronauta.

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