
- por Raphaela Reis
Michael Clifford passou mais de uma década sendo a força criativa por trás das guitarras e da produção do 5 Seconds Of Summer (5SOS). Como guitarrista e produtor, sempre demonstrou uma sensibilidade e estilo único. Agora, com o lançamento do seu primeiro álbum solo, SIDEQUEST, ele mostra que existe muito mais talento além do que os fãs já conheciam.
A simbologia por trás do álbum
O nome do disco não poderia ser mais simbólico: uma missão paralela, um desvio necessário da estrada principal para reencontrar a própria essência. Com 10 faixas, SIDEQUEST é direto, autêntico e emocional. O álbum passeia pelo pop punk, rock alternativo e – para mim – trouxe uma pitada de emocore. Tudo remetendo aos sons dos anos 2000, com camadas eletrônicas, guitarras distorcidas e letras confessionais que revelam um Michael mais vulnerável e introspectivo.
Além disso, ele revelou em entrevistas e postagens nas redes sociais que o álbum nasceu de um impulso criativo, alimentado pela vontade de criar algo “wild” e autêntico. Ser pai, produtor e artista solo foi um desafio emocional significativo, e esse turbilhão está presente em cada faixa do álbum. Os fãs de longa data do 5 Seconds of Summer sabem que este álbum tem a alma e o coração – o sangue e o suor – de Michael. A produção foi feita por ele mesmo no estúdio que montou em casa. SIDEQUEST não soa como um álbum pensado para agradar algoritmos – embora, é claro, seu marketing tenha sido genial e assertivo.
Agora, vamos às faixas!
Kill Me for Always (feat. Porter Robinson)
A música começa quase como um filme triste: calma e melancólica. Mas, quando você acha que ela vai seguir assim, vem uma explosão emocional. É como se Michael estivesse dizendo: “esse é o caos que eu tenho guardado faz tempo”. Porter Robinson encaixa perfeitamente no clima: introspectivo, sensível, meio fora da realidade. Um início pesado e bonito.
Pessoalmente, eu não estava preparada – até porque as duas faixas que foram divulgadas primeiro (Cool e Give Me a Break) tem batidas mais animadas. Dei um play achando que ia só sentir mais um clima do álbum… e acabei totalmente envolvida. Ela me pegou num lugar sensível, daquele tipo que a gente nem sabe que ainda dói.
Cool
Aqui Michael Clifford pega tudo o que já falaram sobre ele – desde o cabelo pegando fogo até os hits do 5SOS – e transformou em piada. A letra é cheia de ironia. No entanto, por trás do sarcasmo tem um quê de cansaço com o papel que esperam que ele represente. É como se dissesse: “se isso é ser cool, então talvez eu não queira ser”. E, honestamente? Muito relacionável.
Essa é daquelas músicas que te fazem rir com um fundinho de “é, eu te entendo”. É uma crítica divertida, que cutuca sem parecer amarga. Sendo o primeiro single a ser divulgado, desde o início eu amei o tom debochado. Dá pra sentir que ele está se divertindo enquanto manda uma indireta. Me identifiquei com essa vibe de rir da própria imagem, de não querer mais performar pra agradar. E ouvir isso de alguém que cresceu sob os holofotes é libertador.
Give Me a Break! (feat. Waterparks)
Essa faixa é uma bagunça deliciosa! Caótica, barulhenta, meio gritada, tudo na medida certa. Parece uma conversa de desabafo entre amigos que estão cansados de tudo. Awsten Knight, do Waterparks, entra com tudo, e os dois juntos tem química e parecem dois adolescentes revoltados trancados no quarto. É puro alívio!
De todas, foi a que mais me deu vontade de sair gritando. É libertadora de um jeito juvenil. Logo no começo você já pensa: “é exatamente isso que eu precisava gritar hoje”. Impossível ouvir sem querer sair cantando no banheiro ou berrando o refrão dentro do carro com a janela aberta.
Remember When
Aquele momento do álbum em que você para e pensa na vida. Tem uma vibe nostálgica sem muito drama. Sabe quando você lembra de uma época boa e sente uma dorzinha gostosa no peito? É isso. Uma produção simples, mas certeira. Como um flashback que a gente nem sabia que precisava.
Enough
Talvez a faixa mais dolorida – e oficialmente a minha música preferida do álbum! Ele se pergunta se algum dia vai ser “o suficiente” pra alguém, pra si mesmo – ou pra qualquer coisa que você queira interpretar. É sincera, direta, sem enfeites. Michael mergulha fundo na ansiedade e na insegurança, com a voz rouca e cheia de sentimentos. É aquela música que você ouve quando não está bem e precisa se sentir compreendido. Aqui, ele não finge força – e isso é o mais forte que ele poderia fazer.
Foi a música que mais me tocou e, sem dúvida, a que mais escutei. Ela fez sentido de um jeito quase assustador – tanto em relações antigas, quanto no que vivi recentemente. Cada verso me atravessou como se tivesse sido escrito exatamente pra mim. É o tipo de música que te quebra, mas ao mesmo tempo te acolhe.
Fashion
Aqui Michael Clifford dá uma cutucada na galera obcecada com aparência, fama e validação online. A música tem um ar debochado e divertido, como se: “tá todo mundo tentando parecer incrível, mas ninguém está vivendo de verdade”. É crítica com ritmo, dá até vontade de dançar julgando o sistema.
Thirsty
Suave e sensível como uma balada acústica. Os vocais de Michael brilham muito! A letra fala sobre querer se sentir desejado de verdade, porém numa vibe mais íntima – quase como uma conversa de travesseiro. Não é melosa, mas tem um tom confessional que pega lá no fundo. É pra ouvir no fone com as luzes apagadas.
Nosebleed
Essa faixa parece escrita às três da manhã depois de dias sem dormir. É sobre ansiedade, mente acelerada, aquela sensação de que você vai explodir e ninguém percebe. Tem um clima meio indie alternativo, meio sufocante. Mesmo assim, você sente que não está sozinho ouvindo ela.
If I Had a Choice (feat. Ryan Hall)
Essa faixa é uma pausa bonita no meio do caos. Sendo a mais sensível do álbum, a letra fala sobre o que a gente faria se pudesse escolher sem medo. Tipo: se eu tivesse mais tempo, se eu não estivesse tentando agradar todo mundo, o que eu faria por mim? A música é leve, e ao mesmo tempo, carrega uma pergunta pesada. Ryan Hall ajuda a deixar o clima ainda mais reflexivo.
Eclipse

O encerramento perfeito. Em entrevistas e postagens nas redes sociais, Michael contou que a faixa é uma homenagem emocional ao nascimento de sua primeira filha (tem mais um bebê vindo aí), que aconteceu enquanto ele finalizava o álbum. O título Eclipse faz uma conexão direta com o nome dela, Lua (sim, em português <3) trazendo simbolismo sobre luz, sombra e renovação. A letra, ainda que sutil, carrega essa energia de transformação. É como se ele estivesse cantando para o futuro dela, ou marcando esse momento de mudança em sua própria vida: de músico para pai, de banda para artista solo, de estrada para lar.
Conclusão: SIQUEST está simplesmente impecável!
Michael Clifford não fez esse álbum para impressionar, ele fez para sentir – e dá pra perceber isso em cada faixa. Para mim, o álbum bateu de um jeito muito pessoal. Desde a primeira música, parecia que ele tinha colocado em som coisas que eu já vivi, já pensei, já senti. É como se ele tivesse acessado um cantinho escondido da minha alma e traduzido em música. É um mix intenso e agridoce de nostalgia e melancolia, mas com uma leveza quase libertadora.
Já ouvi o álbum tantas vezes que virou meu “lugar” de escape. Foi minha trilha sonora de uma viagem de oito horas na estrada. Só eu, meu fone e o álbum no repeat. E, de verdade, tudo fez sentido. Cada faixa bateu de um jeito, como se cada uma fosse uma conversa íntima. Me vi nas letras, nos silêncios, nos detalhes escondidos. E quando um álbum consegue fazer isso… é porque foi feito com alma. Michael Clifford não entregou só música, ele se entregou por inteiro! E, no meio disso, me fez reconectar comigo mesma também.
Michael não abandonou seu passado, mas sim o reconfigurou do seu jeito, fazendo SIDEQUEST não ser apenas um desvio de rota, mas sim uma expansão de universo. Um lembrete de que, às vezes, os caminhos paralelos nos levam de volta para casa, ou então, nos fazem descobrir um novo lar dentro de nós mesmos.
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Raphaela Reis
Vim parar na Terra por um bug no sistema e sigo tentando parecer uma humana funcional (com certo sucesso, na maioria dos dias). Viciada em explorar novos cantos do planeta, adotar gatos que claramente me escolhem e usar o Fortnite como terapia alternativa. Meu gosto musical é um caos cuidadosamente selecionado e minha cozinha é quase um laboratório - com menos explosões, eu juro. Minha carta de Hogwarts nunca chegou, então me instalei no Instituto Xavier… mesmo que minha moral seja um pouco questionável (mas sempre carismática).