O Segundo Dia | Um jogo que te escuta

O Segundo Dia | Um jogo que te escuta

Tivemos o prazer de jogar a demo de O Segundo Dia durante a BGS 2025. O projeto, ainda em desenvolvimento, é um jogo indie que propõe uma experiência sonora e sensorial bastante inovadora, em que o jogador interage com o mundo usando a própria voz.

A proposta é simples e ambiciosa ao mesmo tempo: o jogo analisa a curva melódica captada pelo microfone e traduz o som em ações dentro do universo. Constelações, estrelas e pequenas criaturas respondem à voz, criando uma relação direta entre timbre, frequência e movimento.

Como alguém que trabalha com voz, fiquei especialmente interessada. No entanto, também surgiram algumas dúvidas sobre a mecânica. Eu definitivamente não tenho ouvido absoluto, então tive dificuldade em reproduzir os sons nas mesmas frequências exigidas. Em certos momentos, senti falta de um retorno mais claro, já que os bichinhos não estavam ficando mais visíveis e eu não sabia se estava fazendo “certo” ou “errado”.

Foto/Reprodução: O Segundo Dia

Felizmente, os desenvolvedores confirmaram que uma ferramenta visual mais intuitiva será implementada, o que deve ajudar o jogador a entender melhor a resposta do jogo e aprimorar sua própria emissão vocal.

Achei interessante o O Segundo Dia não só como um jogo de divertimento, mas também como uma possível ferramenta. Já fui diretora vocal de teatro e, nessa função, pesquisava constantemente jogos teatrais e técnicas para estimular o prazer de estar no palco. O jogo é uma ferramenta acessível e criativa para alcançar esse objetivo, e acredito que o O Segundo Dia poderia auxiliar nisso. Enquanto os atores jogam, seria possível observar a postura corporal, o tônus, e até o uso do aparelho trato-respiratório, entre outros aspectos vocais.

Um ponto importante é o equilíbrio que o jogo tenta criar entre relaxamento e desafio. O Segundo Dia se posiciona em uma linha muito tênue, oferecendo uma atmosfera tranquila e contemplativa, mas que também exige precisão e controle vocal. Esse contraste pode ser fascinante, mas também frustrante para quem não possui treino auditivo ou vocal.

Foto/reprodução: O Segundo Dia

Além disso, há uma preocupação válida sobre o esforço vocal. Embora seja improvável que o jogo cause danos reais às pregas vocais, ele pode gerar desconforto se jogado por longos períodos ou com má técnica, algo que talvez devesse ser levado em consideração nas futuras versões.

O Segundo Dia foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, o que reforça a importância de incentivar produções independentes e criativas no país. É muito bacana ver um jogo brasileiro trilhar um caminho tão singular, utilizando a voz como principal forma de interação e explorando novas possibilidades entre arte, som e tecnologia.

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Mesmo com esses pontos em aberto, O Segundo Dia é uma proposta que desperta curiosidade. O uso da voz como ferramenta principal de interação abre espaço para novas formas de jogabilidade, acessibilidade e expressão. É um jogo que pretendo acompanhar de perto, quem sabe até utilizar nos meus próprios aquecimentos vocais.

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Nathalia Souza

Artista, tradutora, animadora, programadora e ainda com formação em mecâtronica e marketing, sou uma menina que não sabe bem o que quer da vida. Emo de carteirinha, vivo indo em shows e eventos para aumentar minha coleção de memórias. Vivo no mundo da lua, e talvez seja por isso que me considero astronauta.

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