- por Nathalia Souza
Coringa 2 me decepcionou. Não me entendam mal, eu estava muito animada para Coringa: Folie à Deux, principalmente porque ia ter música. Eu gosto de musicais? Não. Mas eu estava ansiosa, pensando: “Imagina só, uma mistura de Sweeney Todd com Muffin Song!” Aquela coisa meio engraçadinha, com quebra de quarta parede, mas com música. Achei que ia ser interessante essa abordagem, já que no primeiro filme temos o Arthur dançando no banheiro, todo teatral.
Mas, gente, vamos combinar que encaixar um musical em um filme que é super dramático/pesado é uma linha MUITO tênue entre o “uau, que genial!” e o “meu Deus, que tragédia…”. E, infelizmente, várias vezes o filme caiu no segundo. Alguns atos foram completamente desconexos, jogados de uma forma que eu pensei: “Pra quê isso aqui agora?” Tipo aqueles momentos que você questiona se não pulou uma parte do filme sem querer.
E aí temos a outra grande novidade: Lady Gaga como Harley Quinn. Olha, eu gosto MUITO dela, mas no filme… totalmente descartável. Não é a Arlequina que conhecemos? Ok, justo. Mas o problema foi que eu não consegui ver NENHUM personagem nela. Parecia que era só a Lady Gaga com o figurino da Harley. E aqui confesso que sou suspeita, porque não curto muito o estilo de atuação dela, o tal do Method Acting. Já fico meio “hummm” com isso, embora o Joaquin Phoenix também use, mas essa questão fica pra outro texto.
A história se passa dois anos depois do primeiro filme, com o julgamento do Arthur Fleck finalmente rolando. A advogada dele defende que o Coringa e o Arthur são duas pessoas diferentes, que ele precisa ser julgado como incapaz. Aí chega a Harley e… deixa o maluco mais maluco ainda. Basicamente, ela é a definição de “jogar lenha na fogueira”. E sim, a química entre os atores estava lá, não vou mentir.
Mas por que eu falo que a Harley é descartável? Porque, sinceramente, Arthur faria MUITAS das coisas sozinho. E, principalmente, o final. Com ou sem ela, o desfecho seria o mesmo. Além do mais, tudo que a Harley queria, ela conseguia. Já o Fleck… coitado, só faltava apanhar do vento. Esse contraste deixou ela meio sem graça, sabe? Fica difícil gostar dela assim.
O filme tem duas horas e uns minutinhos. Eu senti que foi arrastado. Tinha MUITA cena que não precisava estar ali, não acrescentou nada no roteiro. Parecia que, em vários momentos, eles não sabiam bem o que fazer com a continuação. E aí vimos muito pouco dos reflexos do assassinato do Murray na sociedade em geral. A principal tese do filme é a dualidade entre Arthur Fleck e Coringa, mas como eu disse, é a Harley que impulsiona isso. Só que, ironicamente, o relacionamento entre eles — que deveria ser o pilar da história — ficou superficial, não dá para acreditar muito que eles são um casal. No fim das contas, o título Folie à Deux nem faz tanto sentido.
Agora, apesar de eu ter falado muito dos pontos negativos, o filme também tem seus méritos. A fotografia e a direção de arte? Impecáveis. Eu já consigo até imaginar os prêmios que vai ganhar nessa área. Os monólogos do Arthur estavam excelentes também. Foi realmente uma montanha-russa de altos e baixos.
Em geral, eu não recomendo o filme. Não é algo que eu assistiria de novo, mas também não vou dizer que odiei. Coringa 2 não acrescenta nada substancial à história, está mais para um apêndice do que para uma verdadeira continuação.
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Nathalia Souza
Artista, tradutora, animadora, programadora e ainda com formação em mecâtronica e marketing, sou uma menina que não sabe bem o que quer da vida. Emo de carteirinha, vivo indo em shows e eventos para aumentar minha coleção de memórias. Vivo no mundo da lua, e talvez seja por isso que me considero astronauta.