- por Gabriele Miranda
O filme “Zé” tem a direção de Rafael Conde e é distribuído pela Embaúba Filmes. Conta a história de José Carlos da Mata Machado. José liderou um movimento estudantil durante a ditadura militar no Brasil. No decorrer de sua luta pela liberdade, o prenderam, o torturaram e o mataram aos 27 anos.
O longa mostra a tragetória de Zé (Caio Horowicz) com foco mais íntimo em sua vida. Vemos como seu relacionamento com Bete (Eduarda Fernandes) e seus dois filhos é afetado pelo regime, levando sua família a viver na miséria e na clandestinidade. Ele se dedicava a alfabetizar e conscientizar o povo mais pobre sobre política. Além disso, acolhia outros militantes. Um dos acolhidos é Gilberto (Rafael Protzner), irmão de Bete, que na verdade era informante dos militares.
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Num geral, o filme é em grande parte poético. O texto é bem escrito e bem apresentado. Tem uma estética lateral. Muitos enquadramentos com planos bem abertos ou plano conjunto. Tive a impressão que estava assistindo uma peça teatral. O ritmo é quase contemplativo, onde um ângulo de câmera permanece por bastante tempo numa mesma cena.
Também achei interessante o recurso que utilizaram para que o espectador percebesse que Gilberto era o informante. Quando ele estava com Zé ou pessoas ligadas á ele, apareciam alguns planos em lugares abandonados, enquanto o áudio da cena principal continuava tocando, porém com um efeito de “walkie talkie”. Era como se a conversa estivesse sendo gravada e enviada aos militares.
Um filme que te deixa pensando
A obra é bem forte e duas cenas me emocionaram muito. A primeira foi a que um dos filhos do Zé fica doente e internado, o que mostra até que ponto ele teve que descer para conseguir sobreviver. Na outra, torturam Bete na frente de seu filho pequeno. Isso mostra a agressividade da ditadura militar, não respeitando nem as crianças.
Com tudo, vale muito a pena assistir. É uma história importante que precisa ser contada e relembrada para que nunca mais se repita.
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Gabriele Miranda
Audiovizueira pela FAPCOM, adquiri habilidade de fazer bonecos se mexerem pelo Senac Lapa Scipião. Multi-instrumentista e guitarrista na banda Antena Loka, sou pan, vegana e gateira. No tempo livre, estou jogando em algum emulador, andando de patins ou criticando o capitalismo. Talvez eu encontre algum planeta onde me sinta melhor.