
Venom: Protetor Letal, lançado pela editora Novo Século, é uma adaptação da clássica HQ dos anos 90 — e apesar da base ser a mesma, o livro é um mergulho mais denso e obscuro no que realmente faz Eddie Brock e o simbionte funcionarem tão bem: o caos interno!
Em busca de redenção
O livro acompanha Eddie tentando largar a vida de vilão em Nova York e recomeçar em São Francisco. Só que, como tudo que envolve o Venom, o que começa como uma “nova chance” logo vira uma montanha-russa de pancadaria, dilemas morais e comentários sarcásticos.
O foco aqui não é em grandes batalhas contra supervilões, embora não falte ação, mas sim no relacionamento entre Eddie e o meu simbionte mais querido do universo geek. Eles discutem, se ajudam, se atrapalham… e parecem até um casal antigo. Esse é o grande trunfo do livro: mostrar como a relação entre os dois evolui e ganha camadas. O simbionte não é só um “poderzinho” alienígena — ele tem personalidade, vontades próprias e até senso de humor — um tanto sádico, é verdade, porém perfeito!

Muita química
Para quem não leu as HQs e se questionou se o cabeça de teia ganharia alguma citação na história, se enganou bonito. Porque o Homem-Aranha participa bastante da história, e a interação entre ele e Venom é puro entretenimento — que faz meus olhos brilharem, porque o Venom é o melhor vilão do Homem-Aranha e o melhor anti-herói, meus amigos! Eles se odeiam, se ajudam, brigam, se zoam… parece até reunião de família. A química entre os dois é um match perfeito, rendendo cenas divertidas e aliviando um pouco o tom sombrio que domina a narrativa.
Um pouco de baba e cérebro espalhado
Apesar de vários acertos, a adaptação para o formato de romance tem seus tropeços. Um deles é a escolha narrativa: o ponto de vista muda com frequência, e muitas vezes saímos da cabeça de Eddie para a perspectiva de civis aleatórios — que nem são personagens relevantes para a trama.
Na HQ, isso até funciona, já que a arte ajuda a situar o leitor. Porém no livro, sem o suporte visual, essas trocas de perspectiva acabam confundindo e tiram o ritmo da leitura. O leitor está acompanhando uma treta do Eddie, e do nada está lendo os pensamentos de um tiozinho que estava passando na rua.
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Outro ponto que pode desagradar alguns é não ter uma galeria de vilões clássicos da Marvel dando as caras por aqui. A história é centrada no Venom como anti-herói, com foco total no desenvolvimento do personagem e no seu dilema interno. Isso é ótimo pra quem já conhece (e gosta) do simbionte, mas talvez fique meio parado para quem esperava por pancadaria nível Guerra Civil.
Pra quem é o livro?
Esse livro não é pra quem conheceu o Venom apenas pelos filmes do UCM, com cenas engraçadinhas e brigas de CGI. É uma leitura pensada para quem realmente já curte o personagem das HQs, entende seu histórico com o Homem-Aranha e quer ver como Eddie Brock se vira tentando ser um “cara do bem” — enquanto um monstro alienígena fica falando na sua cabeça o tempo todo.

Se você é esse tipo de leitor, seja bem-vindo nessa história caótica e surpreendentemente reflexiva. E, quem sabe, depois dessa leitura, você não descubra que tem um simbionte interior só esperando o momento certo pra gritar: “NÓS SOMOS VENOM!” — Eu esperei tanto por essa parte!
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Miguel Felipe
Geek raiz, analista de sistemas, jornalista por paixão e artesão nas horas vagas. Especialmente viciado em café, livros, tecnologia, histórias em quadrinhos, videogames e ficção científica. De cabelo bagunçado, sempre com fones nos ouvidos, um livro na cara e All Star nos pés.