
- por Nathalia Souza
Se você achou que já tinha visto o pior dos pesadelos em Little Nightmares, prepare-se: o segundo jogo da franquia aprofunda a angústia, mas deixa algumas feridas pelo caminho — inclusive no pulso. Little Nightmares II, lançado em 2021, funciona como prelúdio do primeiro jogo, e nos apresenta o Mono, um novo protagonista que embarca em uma jornada perturbadora ao lado da já conhecida Six.
Atenção: esta review contém spoilers.
Sim, a Six está de volta. Jogamos ao lado dela o tempo todo, mas a participação dela na gameplay é… bem, simbólica. Ela ajuda a subir em lugares e força umas portas, mas não espere nada impactante no controle. Se você é do tipo que se sente mais seguro jogando com um “parceiro”, talvez a presença dela funcione. No meu caso? Totalmente indiferente, quase a mesma coisa que nada.
Um ponto que me marcou em ambos os jogos (e que me estressou de verdade) foi o controle. Jogar no teclado é pedir para passar raiva: correr, pular, mirar, bater, tudo ao mesmo tempo? Difícil demais. “Ah, joga no controle então.” Joguei. Uns 75% da campanha. Ainda assim, não foi fácil — principalmente nas partes de combate, mas “Ah, o problema é você, não tive dificuldade”, sim pode ser também hahaha, mas que EU passei muita raiva eu passei.

Aliás, o combate é uma adição que dividiu minha opinião. Na fase da escola, matar os valentões com uma marreta exige precisão quase cirúrgica. Acho que morri mais vezes ali do que em qualquer jogo Souls (não que eu tenha jogado muitos). Outra parte que me fez ter um certo desespero foi no hospital. Os manequins. Sério, parecia episódio de Doctor Who — você só pode se mover quando está olhando para eles. Tenso? Sim. Mas, sinceramente, não senti medo. A real dificuldade foi ficar mirando a lanterna com precisão para passar.
O ponto mais forte de Little Nightmares II é, sem dúvida, a atmosfera. O jogo é visualmente macabro, com uma arte que incomoda e ambientes que exalam desconforto. Mas, apesar de toda essa qualidade estética, as mecânicas de perseguição cansam. A fórmula de correr desesperadamente do monstro da vez vai se repetindo até perder impacto. E o pior: o jogo nem é tão longo, mas mesmo assim conseguiu me deixar mentalmente cansada.
Dito isso, as perseguições não são simplistas. Apesar da repetição, elas não se resumem a “correr em linha reta”. Cada uma tem nuances próprias: obstáculos diferentes, rotas alternativas, uso de sombras, luz, som, tempo certo de movimento… Então não dá pra dizer que são malfeitas — porque não são. O que me cansa, pessoalmente, é que como fã de jogo de terror, eu sempre espero mais do que só jumpscare ou perseguição. Ok, é legal? É. Mas podia mais, né?

E só pra deixar claro: não odiei o jogo! Pelo contrário. Gostei bastante, principalmente da ambientação e das críticas sociais que o jogo apresenta. O final, com a revelação de que você se torna o Thin Man (vulgo Slenderman) e a Six te largando para morrer, me deixou com aquele gosto amargo na boca — mas no bom sentido. Foi impactante. E sim, estou ansiosa para o terceiro jogo.
Mesmo com esses tropeços, o jogo brilha ao criar cenários carregados de crítica social:
- Na escola, uma professora que abusa psicologicamente das crianças.
- No hospital, corpos mutilados e experimentos grotescos.
- E na cidade? Pessoas hipnotizadas pela televisão — todas sob controle de uma figura que parece saída de uma lenda urbana: o Thin Man (ou como eu prefiro chamar, o Slenderman).
A ambientação é pesada, e mesmo que não tenha me dado medo real, o incômodo ficou. O corpo sente.
E o final? O final machuca. Depois de todo o sofrimento, você descobre que o Mono vai se tornar o Thin Man. E pior: a Six te larga para morrer. Sim, depois de enfrentarem o inferno juntos, ela simplesmente solta sua mão. Estava certa? Talvez. O chapéu escondia seu rosto, então ela pode não ter reconhecido você. Mas depois de tudo que passaram? Fica aí o questionamento (e a dor).

Com certeza. Mesmo com os defeitos — controles difíceis, combates irritantes, mecânicas repetitivas — Little Nightmares II é uma experiência única. A estética e a atmosfera compensam, especialmente se você curte jogos que cutucam seu psicológico. Só se prepara para a tendinite.
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Nathalia Souza
Artista, tradutora, animadora, programadora e ainda com formação em mecâtronica e marketing, sou uma menina que não sabe bem o que quer da vida. Emo de carteirinha, vivo indo em shows e eventos para aumentar minha coleção de memórias. Vivo no mundo da lua, e talvez seja por isso que me considero astronauta.