- por Joao Paulo
Os filmes tributos são uma maravilha quando bem executados, principalmente quando capturam a essência daquilo que querem prestar homenagens. É verdade que a Marvel criou um império bastante lucrativo com seu Universo Cinematográfico (UCM ou MCU), principalmente com a era de “Guerra Infinita” e “Ultimato”, ambos filmes dos Vingadores. A verdade é que toda essa popularidade sofreu um desgaste nas atuais fase 4 e 5 na chamada “Saga do Multiverso”, com vários fracassos, rejeições do público, principalmente dos nerdolas chatos, que ajudaram a criar uma “crise” não tinha.
Depois do fracasso comercial de “As Marvels” (que é um bom filme diga-se de passagem), Kevin Feige parece agora apostar no seguro para resgatar o amor universal dos fãs para com o MCU. E para isto, trouxe uma união improvável resultando no filme mais esperado de 2024, “Deadpool & Wolverine” (Deadpool And Wolverine, 2024), longa protagonizado por Ryan Reynolds e Hugh Jackman o papel título que vem não só para fechar a trilogia do tagarela mais famoso do cinema, mas também para introduzi-lo no universo Marvel após o fim dos Estúdios Fox, comprados e absorvidos pela Disney.
Então o longa dirigido por Shawn Levy, tinha uma missão desafiadora e extremamente promissora de não só gerar um burburinho, mas entregar um dos filmes mais esperados desde “Homem Aranha: Sem Volta Para Casa”. A verdade é que quando o filme estreou três semanas atrás no cinema, o marketing estava tão forte que era impossível não se contaminar com o hype gerado, principalmente porque Ryan Reynolds e Hugh Jackman rodaram o mundo incluindo no Brasil para divulgar o filme.
Com poucas cenas reveladas e uma incógnita de como a narrativa iria funcionar, devo dizer que depois de assistir ao longa, sinto que “Deadpool & Wolverine” não é só um dos filmes mais engraçados do ano, mas também um dos mais divertidos dos últimos anos, apostando exatamente na nostalgia e no tributo ao falecido estúdios Fox. Tudo aqui é usado como uma forma de tirar sarro de produções conhecidas e serve como força motriz para as quebras de quarta parede de Deadpool numa metralhadora de piadas e referências que será impossível não terminar um filme com um belo sorrisão.
É claro que o roteiro do filme não é lá uma obra prima, mas talvez a grande sacada aqui seja a forma como toda a trama não se leva muito a sério e sabe usar todo o arco do multiverso para fazer Deadpool e Wolverine embarcaram numa jornada para salvarem suas linhas narrativas para que seus universos não sejam destruídos no processo. A verdade é que o texto em muitos momentos não faz muito sentido, mas toda a metalinguagem usada é tão bem executada, que isto se torna um problema secundário dentro de uma narrativa que foca exclusivamente no tributo ao passado.
Com diversas produções se apoiando em nostalgia, “Deadpool & Wolverine” bebe da mesma fonte sem pudores, sem sutilezas, é desta forma que os dois protagonistas interagem, brigam e se juntam num filme que não é só cheio de surpresas, mas um presente para os fãs não só do MCU, fazendo várias ligações e trazendo personagens conhecidos, porém fica claro que quando se apoia no humor em cima do fim da Fox, é quando que o trama cresce, ao fazer piada com os diversos fracassos do estúdio e alguns de seus sucessos, trazendo também várias participações especiais que devem deixar os fãs mais antigos malucos de emoção.
Não existe uma coerência até onde o filme pode ir, mas fica muito claro que a produção não subestima a inteligência do seu expectador, mas tenta atrai-lo entregando exatamente aquilo que ele quer ver. Seja nas sequências de ação, seja nas participações especiais, seja na forma como consegue trazer a amizade cheia de conflitos entre Deadpool e Wolverine que gera momentos memoráveis incluindo duas sequências de lutas que são puro suco de HQ em movimento.
É claro que toda essa magnitude do blockbuster abre espaço para um filme que as vezes se torna repetitivo com tantas piadas sendo jogadas de cinco em cinco minutos, inclusive um dos pontos fracos é a forma como a história é desenvolvida, as vezes parecendo sem nexo, inclusive isso fica muito claro nas ações da vilã principal, Cassandra Nova (Emma Corrin), irmã de Charles Xavier e responsável por causar problemas a nossa dupla de protagonistas.
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Em termos de elenco, não há dúvidas que o filme só funciona, porque Ryan Reynolds está melhor do que nunca no papel de Deadpool, o cara é memorável e domina o personagem em cada aparição, não existe outra pessoa com o talento para fazer o que ela faz em cena. O mesmo pode ser dizer de Hugh Jackman como Wolverine, que consegue de forma surpreendente entregar uma nova faceta do personagem, que é talvez sua segunda melhor atuação na pele de Logan, perdendo exatamente para o filme dirigido por James Mangold.
E com os atores afiados, a produção acaba também sendo um ponto alto não só pelos bons efeitos visuais, mas pela trilha sonora pop que vai deixar muita gente comentando por um bom tempo, a começar pela insana cena de abertura ao som do grupo N’Sync e também a sequência final ao som de Madonna, mostrando o quão atualizado e “cool” o longa é na forma como entrega seu entretenimento.
De uma forma geral, sem estragar para quem vai assistir, “Deadpool & Wolverine” é aquilo que a Marvel estava precisando no momento, um filme que faz piada de si mesmo e se leva pouco a sério mesmo com algumas cenas dramáticas, então se você está procura disto, pode ter certeza que vai valer todo o tempo investido. Talvez, também seja uma forma do Feige mostrar que o MCU quando quer, entrega filmes para todas as tribos, cheio de ação, reviravoltas, momentos memoráveis e engraçados, mostrando que no final das contas, talvez não exista um momento ruim da Marvel, mas um instante que o estúdio precisa para se compreender melhor, e este filme mostra que um dos caminhos corretos talvez seja se apoiando na nostalgia e no desejo de fazer as pessoas felizes, nem seja por duas horas dentro de uma sala cinema.
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Joao Paulo
Sou Engenheiro Eletricista formado, mineiro, blogueiro nas folgas, super fã de filmes, séries e animes. Apaixonado por Marvel, simpatizante da DC, grande fã de super-heróis no geral. Eu vou ser o rei dos Piratas.
2 comentários sobre “Review | Deadpool & Wolverine”