
Na na semana passada (23/09), o Disney+ encerrou a primeira temporada de Alien: Earth, e a série conseguiu dividir opiniões. Se por um lado o título trouxe um frescor para a franquia que é tão icônica no universo geek, por outro deixou muita gente com aquela sensação de estranheza e alguns fãs mais radicais de nariz torcido.
Peter Pan na Terra do Xenomorfo
A escolha de colocar adultos interpretando crianças foi um dos pontos que mais me incomodou na série. A intenção era brincar com a metáfora de Peter Pan, fazendo uma analogia da ideia de personagens que se recusam a crescer com os personagens que não “podem crescer” na série, mas na prática isso gerou uma dificuldade se conectar emocionalmente com crianças que claramente não eram crianças. Ver adultos com atitudes de crianças me deixou muito inquieto — embora os atores tenham sido ótimos em suas interpretações!
Enquanto Peter Pan aborda uma fuga da maturidade, os personagens em Alien: Earth representam uma questão de humanidade, onde crianças inocentes tentam se agarrar à inocência, enquanto precisam lidar com problemáticas do mundo adulto, questões corporativas e políticas, dentro de corpos biomecânicos. A ideia é interessante, mas acho que execução ficou um tanto esquisita.
Mudanças e novidades na mitologia Alien
Alien: Earth tenta trazer algumas novidades para a franquia. A maior delas é a comunicação de Wendy/Marcy com o Xenomorfo, que remete a momentos que já vimos em outras mídias da franquia — como sintéticos controlando ou “dialogando” com espécies alienígenas em Alien: Resurrection ou até mesmo em alguns quadrinhos da Dark Horse. A diferença é que aqui não se trata puramente de ciência ou biotecnologia, mas de algo quase telepático. Inicialmente parece uma questão de física, ajustada pela frequência da modulação da voz/audição de Marcy, porém depois a personagem consegue se comunicar com o Xenomorfo em distâncias muito grandes, o que pode mudar o jogo na cronologia da franquia.
E falando em cronologia, a série se passa entre os eventos de Prometheus e o primeiro Alien (1979), encaixando-se num período pouco explorado e abrindo espaço para os experimentos narrativos que foram utilizados.

Wendy seria a nova rainha?
Uma pergunta que muitos fãs já estão levantando. Wendy demonstra uma ligação tão íntima com os Xenomorfos que parece ser quase uma candidata a rainha — não no sentido literal de postura e fisiologia, mas como líder simbólica capaz de orientar a colmeia, principalmente pela relação de confiança entre o Xenomorfo e Wendy, onde ele aceita se subordinar a ela mesmo sem imposições ou recompensas. Contudo, acredito que ainda é cedo para cravar a ideia, embora essa primeira temporada tenha deixado várias pistas nesse sentido.
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Série vs Franquia
Alguns pontos dão match entre a nova série e outros títulos canônicos, enquanto outros saem um pouco do caminho. A série bebe bastante da fonte de comunicação entre híbridos e humanos com os Xenomorfos, que já vimos em outros momentos. Nos games (Alien: Fireteam Elite e Alien: Isolation), a comunicação é sempre indireta, através de sintéticos ou experimentos, mas nunca tão direta quanto aqui. Já nas HQs, a ideia de humanos controlando Xenomorfos também já foi trabalhada — talvez até demais —, porém sempre se baseando no controle das criaturas. A série traz isso para um outro patamar, adicionando um relacionamento de confiança entre o universo humano e o universo alienígena.
Outras espécies
A temporada plantou sementes sobre outras espécies alienígenas, prometendo ampliar o universo além do “mesmo monstro de sempre”. Inclusive, para muitos expectadores o olho-polvo foi o melhor personagem da série — sendo capaz de entender e se comunicar diretamente com humanos! Para a segunda temporada, a expectativa é que a trama abrace de vez essas conexões, explore a evolução de Wendy e, quem sabe, mostre como os humanos vão lidar com a ideia de não apenas sobreviver, mas quem sabe negociar com a ameaça.

Último episódio
Alien: Earth não é perfeita, possui personagens mal aproveitados e outros muito bem desenvolvidos como na maioria das produções. Contudo, a série trouxe frescor para uma franquia que, muitas vezes, ficou presa ao passado. É arriscada, ousada, explorando novos recursos e elementos diferentes e, justamente por isso, acredito que merece ser acompanhada.
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Miguel Felipe
Geek raiz, analista de sistemas, jornalista por paixão e artesão nas horas vagas. Especialmente viciado em café, livros, tecnologia, histórias em quadrinhos, videogames e ficção científica. De cabelo bagunçado, sempre com fones nos ouvidos, um livro na cara e All Star nos pés.