
Em 2013, Invocação do Mal estreava, marcando o início de uma das melhores sagas do terror moderno, especialmente no tema de possessão. Chegamos ao fim. Doze anos depois de sua estreia, Invocação do Mal entrega sua última invocação com O Último Ritual – um encerramento que respeita suas origens, aquece o coração dos fãs e ainda garante aquele sustinho básico que faz a pipoca voar. Antes de tudo: esse texto começa sem spoilers, mas, como eu sou dessas, lá no final eu vou avisar direitinho quando começar a parte mais profunda, cheia de opiniões e spoilers.
Primeira coisa que você precisa saber: o filme é baseado em uma história real, sim, mas não é um documentário. Não é pra ir esperando ver o Fantástico narrando o Caso Smurl com imagens de arquivo. O filme é inspirado, adaptado, dramatizado e temperado com tudo que um terror cinematográfico precisa. Então, se sua intenção era assistir algo 100% fiel à realidade, você pode parar por aqui e ir abrir um livro dos Warren ou procurar um documentário. Aqui é cinema.
Primeiro, quero lembrá-los sobre o caso real que inspirou esse ultimato: a história da família Smurl. Eles se mudaram para a Pensilvânia em 1976 e, após alguns anos, um acidente paranormal feriu gravemente uma de suas filhas. A partir daí, começaram a ocorrer eventos cada vez mais assustadores. A família recorreu à Igreja Católica, mas não obteve ajuda imediata. O caso ganhou repercussão na mídia, e foi então que os Warren entraram na investigação. Apesar de inúmeras tentativas de expulsar as entidades, os Warrens afirmaram que havia três espíritos menores e um demônio controlador. Ainda assim, nunca conseguiram realmente se livrar deles.

Um dos grandes destaques desse último filme é a quantidade de referências aos anteriores. É referência que não acaba mais! Tem Annabelle, e claro, todos os Invocações do Mal. E o mais divertido é que algumas dessas referências vêm com uma pitadinha de humor que só quem acompanhou a saga desde o início vai captar. Inclusive, algumas cenas fazem até piada com demônios antigos, o que deixa o filme mais leve em alguns momentos, mesmo no meio da tensão. Mas fica a dica: assistir a saga completa antes faz toda a diferença. Não que seja obrigatório, mas vai por mim, a experiência é outra.
O elenco permanece impecável. Patrick Wilson e Vera Farmiga voltam como Ed e Lorraine Warren – e, sinceramente, se tivessem trocado os atores, era sal grosso na produção inteira. Eles são a alma da franquia, nasceram pra esses papéis, ponto final. E desta vez, quem brilha também é a filha do casal, Judy, interpretada pela maravilhosa Sterling Jerins. A garotinha que antes só via umas coisinhas estranhas agora cresceu, virou mulher, e está com a mediunidade mais aflorada. A herança da mediunidade bateu forte – e eu me identifiquei, porque minha herança também foi essa haha. O parceiro dela na história é o Tony, interpretado por ninguém menos que Ben Hardy (sim, aquele ator deliciosamente carismático de The Voyeurs). Ele é um personagem que te conquista de cara. Cativante, envolvente, fofo. Eu, pessoalmente? Me apaixonei. Digo sim, aceito, me caso com você, Tony. Assinado: euzinha.

O tom do filme mantém o espírito (com perdão do trocadilho) clássico da franquia: sustos, tensão constante, aquela trilha sonora que vai crescendo e te deixa suando frio, e claro, cenas trash que fazem a gente rir sem querer. E eu não tô exagerando, não: eu gritei no cinema. Tipo, gritei MESMO. Porque tem susto bem feito ali. Você acha que vai ter tempo de se preparar, mas não.
Mas, como todo bom filme de terror, tem as partes meio… ridículas. Tem uma boneca nova que aparece, e sinceramente? Todas as cenas com ela são tão toscas que dá vontade de rir. Chega, Hollywood, de boneca demoníaca! O que me fez rir foi imaginar o espírito da velha que ficou lá grudado na boneca… sinceramente, tem coisa melhor pra fazer no além, minha senhora.

E tem uma crítica que sempre me pega nesses filmes: por que tudo precisa acontecer à noite? O demônio nunca tá disponível de dia, não? E mesmo nas cenas que são de dia, os diretores escurecem artificialmente pra dar susto. Dá um pouco de preguiça, viu? Porque a gente já sabe que vem susto por aí. Midsommar já provou que dá pra dar susto com sol rachando. Mas ok, é a assinatura da franquia, a gente aceita.
Agora, vamos entrar na parte com spoilers, então se você ainda não viu o filme, dá meia-volta e volta aqui depois. Eu avisei.
O começo do filme me pegou de jeito. Ver os personagens mais jovens, interpretados por atores super parecidos, foi um toque delicado. A história da Judy desde o nascimento foi criada pro filme (não é real), mas serviu muito bem pra gente criar apego emocional. E funcionou! A relação da Lorraine com a filha é linda, vulnerável, cheia de força e dor, tudo junto. Tem piadas entre o Ed e o Tony que são ótimas, e a interação dos dois personagens é uma delícia de assistir. As cenas da Judy sendo assombrada são tensas e bem feitas. E a Annabelle volta em duas cenas, de jeitos assustadoramente bons, e eu amei que colocaram ela ali. Mas a tal boneca nova… de novo: patética. Podia ter ficado na caixa.

O final… ah, o final. É emocionante. De verdade. Parece que não é nem filme de terror. A forma como amarraram a história, com participações especiais, referências delicadas, até o diretor original aparecendo, tudo isso foi pensado pra tocar o coração dos fãs. E tocou. O casamento da Judy com os personagens anteriores ali na última cena? Foi tipo aquele último abraço antes de fechar a porta. Eu saí do cinema triste. Não porque o filme foi ruim, mas porque… acabou.
Então, se você achou que devia ser mais real, que queria que seguisse a história real 100%, que isso ou aquilo não aconteceu… sinto muito. Isso aqui é cinema. Quer realidade? Vai ver documentário, vai ler o livro dos Warren. Porque Invocação do Mal 4: O Último Ritual encerra a saga com tudo que a gente ama: susto, emoção, drama familiar, carinho com os personagens, e aquele apego gostoso que só uma saga de mais de 10 anos consegue construir. Vale a pena ver no cinema. Com as mãos no rosto, o coração acelerado e o coração quentinho. Eu me despeço dessa saga com medo, amor e gratidão.
Texo escrito por: Tainná Marquezini
Vai assistir Invocação do Mal 4? Ou tem medo? Comente aqui e siga a gente no instagram
Eu, Astronauta
👩🏻🚀💬 𝘉𝘦𝘮-𝘷𝘪𝘯𝘥𝘰𝘴 𝘢 𝘣𝘰𝘳𝘥𝘰! Apertem os cintos e explore os universos da cultura pop e geek com a gente.