Review | Faça Ela Voltar

Review | Faça Ela Voltar

Faça Ela Voltar é um dos filmes mais aguardados do ano e finalmente chegou nas terras tupiniquins. Vou direto ao ponto: gostei bastante! É o melhor filme de terror do ano? Não sei, porque é o primeiro que eu assisto hahaha. Mas que é um forte concorrente, isso é.

O título do filme se explica nos primeiros 20 minutos. Piper (Sora Wong) e Andy (Billy Barret) viviam somente com o pai, que infelizmente (ou felizmente?) morreu. Os dois ficaram sob custódia do Estado e, em questão de um dia, já estavam adotados. Ou melhor, apenas Piper seria adotada, mas com a insistência de Andy, ele acabou indo junto. Agora, sério: ninguém achou estranho? Dois órfãos — um quase maior de idade e a outra deficiente visual — e em menos de 24 horas já estavam em um novo lar? Nem o velório do pai tinha acontecido ainda! O roteiro até tenta explicar, mas não me convenceu. Pareceu que não houve burocracia nenhuma.

Faça Ela Voltar' se beneficia da falta de explicações - 20/08/2025 - Ilustrada - Folha
Foto/Reprodução: Faça Ela Voltar, A24 e distribuição Sony Pictures.

Piper não é totalmente cega, consegue enxergar luzes e formas. Tem certa autonomia, mas ainda depende do irmão. Eles têm uma relação muito próxima e bonita, marcada pela palavra secreta “grapefruit”, usada para confirmar quando estão falando a verdade.

Eles são adotados por Laura (Sally Hawkins), que vive com o filho Oliver (Jonah Wren Phillips). E aqui preciso exaltar as atuações. Na verdade, todo o elenco está impecável. Sora Wong, que também tem deficiência visual, entrega muito em sua estreia profissional. Billy Barret, o ator mais jovem a ganhar um Emmy, também foi ótimo. Mas quem foram além, sem dúvidas, foram Sally e Jonah.

Atuar é se colocar vulnerável, exposto ao público com suas fraquezas, e não é fácil. No gênero terror e gore, isso é ainda mais complicado: é preciso estar disposto a parecer ridículo, feio, exagerado. E hoje em dia, muitos atores não querem mais isso, têm medo de virar meme e preferem manter a imagem “bonita”. Sally e Jonah não tiveram medo algum de ir até o fim. Sally já é um nome estabelecido, mas Jonah… anotem: Jonah Wren Phillips. O que esse garoto de 13 anos fez no filme é brincadeira. Pouquíssimas falas, mas presença absurda. Eu já indicaria fácil ao Oscar de coadjuvante.

Foto/Reprodução: Faça Ela Voltar, A24 e distribuição Sony Pictures.

Voltando ao enredo (porque eu me empolguei nas atuações hahaha): assim que chegam, Andy repara em algumas adaptações de acessibilidade na casa e pergunta se foram feitas para Piper. A resposta de Laura já entrega o clima macabro: “Não. Eu tinha uma filha cega.” Na hora entendi que vinha ritual por aí.

Sobre o ritual, aí está o ponto fraco: não entendi muito bem. O filme poderia ter explicado melhor. Essa falta de informação aumenta a ansiedade porque não temos ideia do que Laura vai fazer, mas ao mesmo tempo frustra porque nem no final fica claro. Outro acerto foram as nuances de humor. Poucas piadas, mas muito bem colocadas. Aquele riso nervoso que não quebra o clima. E gostei que os personagens não eram completamente burros, mas também não eram gênios perfeitos como alguns filmes de terror tentam fazer.

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Não é um terror de jumpscare. A tensão vem da ambientação claustrofóbica e psicológica. O final deixa um gosto amargo na boca. É adequado para a obra, mas ainda assim incômodo. É um bom filme para assistir uma vez — e, se tiver estômago, até arriscar ver de novo. Não é um gore pesado, mas tem sim. Então se prepare. Pra finalizar: senti que algumas informações foram meio jogadas, ou pouco aproveitadas. Parecia que o filme tinha muita coisa pra desenvolver e pouco tempo de tela. Acho que merecia sim uma continuação — pelo menos pra eu finalmente entender o bendito ritual. Não que vá acontecer, mas ele parecia tão complexo, cheio de elementos, e a maioria eu não entendi o intuito. Enfim, assistam sem medo… ou melhor, com medo, mas sem medo de ser ruim.

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Nathalia Souza

Artista, tradutora, animadora, programadora e ainda com formação em mecâtronica e marketing, sou uma menina que não sabe bem o que quer da vida. Emo de carteirinha, vivo indo em shows e eventos para aumentar minha coleção de memórias. Vivo no mundo da lua, e talvez seja por isso que me considero astronauta.

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