Admito que não tenho lido muito nos últimos tempos. O isolamento social não me ajudou, continuo com várias leituras encalhadas e não faço a menor ideia do que fazer pra reverter essa situação. Apesar disso, ou talvez exatamente por este motivo, tenho procurado livros curtos para ler e reler na tentativa de me tirar desse humor antileiturístico. Com isso em mente, resolvi listar alguns livros para ler em um dia – o que pra mim significa basicamente que são curtos e, principalmente, bons, – para compartilhar com vocês.
Vamos ser claros: O fato de ser possível ler estes livros num único dia não quer dizer que vocês precisam conseguir! Cada um no seu ritmo, jovens padawans. Vários dos títulos abaixo eu li e reli: algumas vezes demorei poucas horas, outras, várias semanas.
Vamos lá?
Fale! de Laurie Halse Anderson
Fale! é um livro jovem adulto lançado em 1999 e traduzido para o português brasileiro em 2013. Pela diferença de datas, acho que o simples fato de o livro ter sido lançado no Brasil mesmo depois de todo esse tempo já é um indicativo da atemporalidade dessa história.
Eu indico Fale! sempre que posso, porque é a mesmo tempo simples e complexo, pesado e libertador. O livro conta a história de Melinda, uma garota que parou de falar. Ostracizada pelos colegas de escola depois de chamar a polícia em uma festa durante as férias, a protagonista tenta passar despercebida e se invisibiliza até o ponto do completo silêncio.
Tem uma frase que gosto muito no livro:
“Eu nunca ouvi um silêncio tão eloquente.”
Fale! é exatamente assim: Apesar de falar sobre silêncio, é extremamente eloquente. Esse é um daqueles livros que, se a gente conta muito sobre a história, acaba dando spoiler, então caso você se interesse, ficam as seguintes dicas:
- Ele trata de temas que podem ser gatilhos. Se você sabe que tem alguns, procure saber se ele pode te causar desconforto antes de iniciar a leitura.
- A edição brasileira tem um texto da autora antes do início da história, e esse texto entrega o tema. Se você não gosta de spoilers, pule.
Coraline, de Neil Gaiman
Considero Coraline um clássico de Neil Gaiman porque prefiro os livros juvenis do autor, e este é provavelmente o mais icônico deles. A história segue uma criança que, ao mudar-se com a família, encontra na nova casa uma porta que dá para outra casa, idêntica à sua. Lá, conhece a Outra Mãe, que quer amá-la e cuidar dela, mas para isso precisa que ela costure botões no lugar dos olhos. O que mais me assombra nesse livro é que, quanto mais você cresce, mais ele deixa de ser uma história infantil e se torna uma história de terror. E, apesar de ser assustador, Coraline também é extremamente cativante.
O Peso do Pássaro Morto, de Aline Bei
O Peso do Pássaro Morto é o livro mais pesado dessa lista. Apesar de ser uma narrativa bem curta, linear e de versos breves, ao mesmo tempo é a única que parece se mover em câmera lenta; Não por ser de fato lenta – não é. Mas porque, a todo momento, eu me senti esperando uma grande catástrofe, o grande momento de dor que claramente viria, como aquelas cenas de filme em que logo antes do impacto tudo se move mais devagar.
O Peso do Pássaro Morto é uma narrativa intrínseca à experiência feminina no mundo, apesar de a experiência feminina não dever jamais ser resumida como “sofrida”. No entanto, nas pequenas e grandes dores, este é um livro que toca nas feridas e mostra as escaras, ainda que mantenha sempre a delicadeza.
Este livro trata de temas que podem ser gatilhos.
Quinze Dias, de Vitor Martins
Pra terminar essa lista numa nota otimista, Quinze Dias foi o livro de estreia de Vitor Martins e conta a história de Felipe, um rapaz gordo e tímido que nas férias, durante uma viagem da vizinha superprotetora, se vê hospedando o filho dela, que por acaso é lindo, simpático e extrovertido. Quando tudo o que queria era maratonar séries na Netflix e esquecer que a escola e os colegas horríveis existem, Felipe acaba tendo que trocar tudo isso por momentos constrangedores e hilários ao lado de Caio, seu novo colega de quarto.
Esse livro é uma das pérolas nacionais da literatura juvenil nacional, com drama e humor balanceados pra ser o melhor conjunto de horas que você pode gastar num dia, se esse tipo de leitura for a sua praia.
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Texto feito por Tammy Dantes
Eu, Astronauta
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